Luísa Cunha Oliveira escreve a coluna de Bem Estar & Saúde no JC e é Psicóloga Clínica formada pela Universidade de Uberaba. Atua na abordagem análise transacional com ênfase em relacionamentos interpessoais e transtormos relacionados a fase adulta.
Em sua coluna ele traz o tema - Saúde mental disfarçada
Há algumas semanas me deparei com uma reportagem em um programa de televisão, sobre o novo aplicativo de celular, capaz de exibir a qualquer hacker que deseje instala-lo no celular do parceiro, todas as conversar, fotos, vídeos e afins, ou seja, toda a privacidade dessa pessoa!
O que mais me assustou, foram a quantidade de pessoas envolvidas e defensoras desse aplicativo, quase convencendo o telespectador de que; por terem sido vítimas de uma traição, teriam o direito de invadir a rede social do parceiro para, nada mais nada menos, ter a certeza de que o mesmo estaria consumando uma traição e então, finalmente terminar a relação!
Me espanta observar que esse tipo de comportamento é não só tido como louvável por alguns brasileiros, como que; a maioria das pessoas que apareceram na reportagem não teriam feito diferente!
E então eu me pergunto... O que leva alguém dentro de uma relação, a gastar o próprio dinheiro com investigações inúmeras para desmascarar o(a) parceiro(a)?! Por que antes disso, quando surgiu a primeira desconfiança já não existiu ali apenas um término? Para demonstrar poder? Demonstrar que esse relacionamento foi finalizado de maneira gloriosa? E se for isso mesmo, por que tem que existir glória, ganhador ou perdedor em uma relação?
O que é que existe dentro de nós que nos causa raiva quando somos preteridos? Por que a raiva toma conta de maneira violenta quando temos nossa confiança traída? Por que o sentimento de vingança nos envolve em certo momentos e por que nós nos achamos no direito de cometer um erro igual ou parecido quando alguém erra conosco?
E finalmente, indago: por que é tão difícil apenas dizer “não quero mais você porque não confio mais em você, estamos distantes e acho que você está me traindo!” ?
Não que eu seja alguém que não erre ou esteja muito saudável! Mas me pergunto vez ou outra a respeito de questões as quais só me mostram que; nossa sociedade está adoecida! E qual a cura?
Quem sou eu pra dizer? Só acho que se começássemos pelo diálogo e a parar de encarar um “eu acho que você precisa de terapia” como uma ofensa, já estaríamos caminhando um pouco!